terça-feira, 24 de junho de 2014

História da Primeira Guerra Mundial - Vitória na Frente Ocidental

Caros amigos,
Mais uma leitura imperdível, para aqueles que desejam conhecer um pouco da nossa história com vista à construção de uma sociedade melhor:
História da Primeira Guerra Mundial, mais um presente da M.Books, não é um livro didático. Mais que isso, trata-se de uma narrativa reflexiva e crítica a respeito deste momento histórico, ocorrido por volta de 100 anos atrás, que envolveu todo o planeta, desde os países mais ricos, até os mais pobres, com seus soldados tão jovens.
"A ideia de continuar nos assustou(a vida é agradável quando pensamos na possibilidade da morte)..." (p. 95)
Nesta obra, o historiador especialista em assuntos militares, Martin Marix Evans traz a 1ª Guerra Mundial sob outro olhar. Uma perspectiva multifacetada, analisando a guerra pelos próprios atores deste cenário. Os fatos, documentos e depoimentos vão tecendo esta narrativa, que inicia não com a história cronológica, mas com a percepção humana sobre a Guerra. Quem eram estas pessoas? Quais seus costumes, cultura e estilo de vida? Como pensavam sobre si mesmas, a vida e a morte? Como se organizavam? São perguntas que o autor responde, de forma brilhante, trazendo um panorama do que está além das batalhas. As mudanças nas ciências, nos meios de transporte, na cartografia, na medicina e nas tecnologias foram inevitáveis, para levar mais recursos às trincheiras e ao soldados.
Muito do que se produziu em tecnologia foi fruto das guerras. Com a 1ª Guerra Mundial houve uma constante busca por atualizações tecnológicas, criação e desenvolvimento de instrumentos que otimizassem o processo das batalhas. As trincheiras, metralhadoras, máscaras de gás e novos gases tóxicos foram retrato de uma corrida tecnológica para beneficiar os países em guerra, tornando os ataques mais precisos e rápidos. Os submarinos, os tanques de guerra, os uniformes e capacetes dos soldados, como os Pickelhaube alemães, eram projetados, testados e atualizados com certa frequência.
Pickelhaube

Cães sentinelas

Tanque de Guerra Alemão

Trincheira - Soldados com máscaras de gás

Como instrumento de guerra, os cães sentinelas alemães foram utilizados como mensageiros e transportadores de cigarros para os soldados.
Todos os recursos estavam a serviço de táticas de guerra que na prática, nem sempre se mostravam tão precisas quanto na teoria. Mesmo assim, fizeram grande diferença. Exemplo de uma das táticas foi a barragem de fogo da artilharia, inventada pelo alemão Georg Bruchmüller. Um armamento cada vez mais pesado, para neutralizar o inimigo passou a ser usado. Tão pesado que seu transporte era feito, não raro, por trens.
“A Alemanha começara a guerra com 5.086 armas ligeiras, 2.280 canhões e armas de artilharia pesada. Em 1918, o exército alemão tinha 6.76 4 armas ligeiras, mas o número de armas pesadas chegava a 12.286” (p. 12).
Outro aspecto da 1ª Guerra diz respeito ao avanço da medicina quanto às cirurgias plásticas e próteses. Soldados, com rostos desfigurados, passavam por diversas cirurgias e muitos usavam próteses faciais que se moldavam à pele e ao formato do rosto.
Esta e outras informações sobre a cultura, o comportamento, os movimentos táticos e as tecnologias usadas na 1ª Guerra Mundial estão presentes no primeira parte do livro, que se intitula Lições da Guerra.
Na parte dois, As Ofensas Alemãs, as operações táticas, as batalhas os instrumentos de guerra e treinamento dos soldados são narrados, com riqueza de fotos, detalhes e depoimentos dos sobreviventes de guerra.
Na parte três, A Destruição do Exército Alemão, são narradas as ofensivas dos exércitos aliados, com tropas que vieram de diversas partes do mundo, comandadas por norte-americanos, franceses, alemães. Diversos povos de culturas diferentes lutando por uma guerra que não sabiam se teria fim ou se alguém sobreviveria, por algum motivo obscuro para muitos.
A insensibilidade adquirida pelos soldados, descrita nos depoimentos eram defesas para suportar o sofrimento constante. O significado do viver e do morrer perdia-se entre os perigos enfrentados, como se tudo ficasse sem sentido. A luta pela sobrevivência conduzia a atitudes nos campos de batalhas de extrema agressividade, violência, ou completamente confusas, como roubar pertences de cadáveres, que talvez não servissem para nada. Esta constatação pode ser verificada no depoimento a seguir, do soldado Donald D. Kyler do 16º regimento da Infantaria da 1ª Divisão:
Eu tinha 17 anos ao ser recrutado. Lutei pela primeira vez há mais de um ano. Nesse período vi muitos soldados, amigos e conhecidos, aleijados ou mortos. [...] No início senti muito medo. Depois aos poucos fiquei insensível ao perigo. Percebia mentalmente o perigo e o enfrentava, porém as emoções, vida ou morte, ficaram bloqueadas. Tinha a sensação de que os mortos eram mais felizes do que eu. Não vi a solução para o fim da guerra nem achava que sobreviveria Na época isso não me parecia provável.
[...] Assistira à morte dos prisioneiros de guerra sozinhos ou em grupos. Vi homens roubando dinheiro e pertences de cadáveres vi também homens cortando dedos de cadáveres para tirar anéis. Mas essas coisas que eu via não me afetavam muito. Tinha uma sensação de entorpecimento, de insensibilidade. Para mim, os cadáveres nada mais eram que corpos putrefatos. Estava decidido a desempenhar o papel para o qual fora treinado – ser um bom soldado (p. 194-5).
Queridos, 100 anos depois, e vemos cenários de batalhas, pelo mundo à fora e estados de revolta que começam como um gérmen dentro de cada um. A ânsia pela guerra não está só nos líderes de grandes potências ou de países subdesenvolvidos.  Está no ideal coletivo de sociedade, no pensamento construído de cada grupo social, que acredita na sua valorização mediante a luta pelo poder e pelos bens materiais.
Este é um pensamento que acompanha a humanidade desde as primeiras organizações sociais. No entanto, ainda precisamos conhecer de forma mais aprofundada, nos debruçarmos sobre os fatos históricos, como a 1ª Guerra Mundial, para compreendermos seus precedentes, causas e consequências, que repercutem até hoje. Não se trata apenas de estratégias de conquista entre nações, mas de como cada ser individualmente se constrói enquanto humano e organiza o seu espaço social. O que fazemos ou nos esquivamos de fazer, o que falamos ou silenciamos é fruto e também resulta nos comportamentos políticos que regem a nossa sociedade.

Por esta razão, convido a todos para visitar esta obra, que não digo ser uma leitura obrigatória, mas necessária. Não só para estudantes e educadores, mas todos. Familiares de vítimas de violência, aqueles que em algum momento se viram como vítimas ou algozes, pais, líderes políticos e religiosos. Pensem que essa leitura pode provocar a descoberta de novos caminhos para a construção de um mundo melhor.

Saiba como adquirir essa obra AQUI.

Ótima leitura!

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